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Mídia e o Embate Democrático

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Com os últimos acontecimentos políticos, os grandes jornais até pareciam  folhetins românticos e seus enredos rocambolescos de alto apelo popular. De um lado, o povo brasileiro cansado de um partido que afundou seu amado país; de outro, os apoiadores da grandíssima sujeira vermelha que acabou com a paz de toda nação.  O mocinho e o vilão. Verde e amarelo versus vermelho.

Não existe brasileiro contra brasileiro. Existe um montão de gente querendo mudar a realidade do país. Existe toda uma nação cansada da corrupção histórica na política nacional. Existe também uma corrupção que não envolve somente um partido, que envolve todo um sistema político cansado, viciado e ultrapassado.

Há muito tempo que se questiona essa tão invocada imparcialidade jornalística. A Rede Globo, a Folha, dentre outros grandes meios de comunicação, tiveram papel essencial no golpe de 1964. Essas grandes empresas de mídia foram importantes ferramentas política para concretização e continuidade da ditadura brasileira. Além disso, não precisamos nem ir muito longe, basta lembrar do debate de Collor e Lula, das eleições de 1989, o qual o próprio Boninho assumiu ter manipulado a favor de Collor.

Nos últimos episódios, o país assistiu uma cumplicidade criminosa entre a mídia e o judiciário. Um verdadeiro espetáculo jurídico-midiático. Uma ordem de condução coercitiva sem cabimento que virou atração. Gravações ilegais que foram recortadas e transmitidas ininterruptamente. O ódio ao partido dos trabalhadores que foi visivelmente estimulado.

Dois pesos, duas medidas. Ao se tratar da lista dos políticos ligados ao escândalo da Odebrech, o jornalismo da rede Globo soube encontrar uma forma de fazer respeitar o sigilo judicial. Apenas nesse momento a empresa demonstrou preocupação em apurar e esperar o julgamento da justiça antes de ela mesma julgar e apontar culpados e algozes da nação. Ora, mas por que somente aí?

Essas grandes empresas de mídia são empresas. Empresas poderosas que acumulam em suas mãos além do poder da informação e da comunicação, poder político e econômico.  Empresa que enquanto empresa tem interesses e objetivos bem delimitados e alinhados ao mercado. Empresa que tem como princípio confundir liberdade de expressão com liberdade de imprensa.

A realidade brasileira demonstra 10 grandes grupos controlando mais de 50% da produção de informação do país. No caso da televisão, totaliza-se 81% dessa produção nas mãos desses poucos grupos.

Assim como no seu Congresso, o Brasil peca pela falta de diversidade em seus meios de comunicação. A concentração midiática não abre espaço para toda a diversidade e pluralidade brasileira. Em vez de interesse público, nos deparamos com interesses privados e comerciais. Em vez de diversidade, encontramos uma mídia concentrada no interesse de alguns poucos. Em vez de pluralidade, observamos uma mídia aglomerada no eixo Rio – São Paulo.

A proliferação de informação não pode continuar concentrada na mão de 10 pequenos grupos em um país que soma 200,4 milhões de pessoas. Uma regulamentação midiática se faz urgente. Principalmente, em nome da garantia de um espaço livre e aberto de discussão e debate. Regular não é censurar; é garantir acesso, visibilidade e representatividade nas esferas públicas brasileiras. É uma necessidade em si democrática, que visa à ampliação da participação popular na difusão e produção de informação.

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